Porque te deves colocar em 1º lugar?
- Patrícia Loução Rita
- 11 de mar. de 2019
- 5 min de leitura
Atualizado: 18 de ago. de 2019

A ideia de que nos devemos colocar em 1º lugar e ser a nossa prioridade, é cada vez mais debatida, mas gera ainda bastante confusão, equívocos, mal-entendidos, discórdia e culpa!… Maioritariamente, por nem sempre ser claro para todos, o que isto significa, na prática.
De uma maneira geral e para quem ainda não se predispôs a entender o que isto verdadeiramente representa, costuma haver uma associação direta a “egoísmo” e a “não ter em conta as necessidades dos outros”… mas se tentarmos analisar, de uma perspetiva mais global, talvez possamos descobrir novos aspetos e um paradigma bem distinto, daquele de que sempre nos tentaram convencer…
Alguém que se coloca em 1º lugar e faz de si a sua prioridade, é alguém que tem a noção que a sua Vida, só poderá ser vivida por si, de que ninguém irá viver a sua Vida, nem fazer o seu percurso no seu lugar e ainda, de que não poderá ser verdadeiramente útil a ninguém, nem ajudar de facto, se não cuidar de si e “se ajudar” em 1º lugar.
A vida de cada um, só pode ser vivida, por cada um e por isso, se esse alguém, optar por colocar outrem em 1º lugar passa, de alguma forma, a viver a vida desse outro, deixando a sua própria Vida para 2º plano.
Isto não significa, de todo, que não se possa e não se deva ter os outros em consideração. Pode ter-se em conta as necessidades dos outros, sempre que nos faça sentido (a escolha é Livre e de cada um e não depende do que “é suposto”) e que não se sobreponham às nossas necessidades e não inviabilizem a nossa própria Vida.
É aliás, de referir que, as pessoas que colocam permanentemente, as necessidades e a vida dos outros em 1º lugar, estão muito provavelmente, a “fugir” de si próprias e das suas próprias vidas… sentem, ainda que inconscientemente, uma acentuada dificuldade em se confrontarem consigo próprias e com as suas Vidas, tornando-se mais fácil, mais cómodo e aparentemente mais seguro viverem focados nas necessidades dos outros…
Numa 1ª impressão, pode parecer que isto, não se aplica a todas as situações e que, por exemplo, em casos como Mães e Pais (refiro-me a verdadeiras Mães e verdadeiros Pais e não meros progenitores), que cuidam os seus filhos, com toda a dedicação, carinho e disponibilidade, não será compatível com a noção de se colocarem, a si próprios, em 1º lugar.
Mas é perfeitamente compatível e até bastante desejável, pois a disponibilidade e bem-estar no cuidado aos filhos, depende diretamente, da forma como a pessoa se sente e cuida de si própria – quem não sabe ser “bom cuidador” de si próprio, dificilmente conseguirá ser “bom cuidador” dos filhos (tendo em conta, um sentido muito amplo e abrangente, do que é isso de ser “bom cuidador” e não apenas um cuidador funcional, que cumpre tarefas). Nestes casos específicos, tal como noutros que se assemelhem, quanto ao grau de dedicação e entrega, importa ter sempre presente, que o cuidado ao outro, não pode impedir o cuidar de si próprio e só assim, terá condições de “estar lá para o outro”.
E para as Mães e não só, que sintam muita culpabilidade, por terem necessidade de “ter tempo para si próprias”, começo por dizer que é um excelente sinal, sentirem essa necessidade e principalmente, é um excelente sinal conseguirem identificá-la e respeitá-la, pois revela que se reconhecem, que estão atentas a si próprias e que não se descuram… e isto é a base para serem felizes, saudáveis, equilibradas, inteiras e assim, poderem contribuir para o bem-estar dos outros.
E aqui talvez ajude, se pensarmos num exemplo muito concreto e objetivo, que clarifica inequivocamente, este caráter imprescindível, de cada um se colocar em 1º lugar:
Aquela velha máxima da segurança nos aviões…
Quando estamos a iniciar uma viagem de avião e a tripulação nos informa, de todos os procedimentos de segurança, que deveremos seguir em caso de emergência, uma das indicações que é fornecida é a importância de, no caso de se verificar a necessidade de colocação de máscara de oxigénio, mesmo para quem viaja acompanhado de crianças, ou pessoas com limitações, devermos colocar a máscara, em 1º lugar a nós próprios e só depois poderemos ajudar outros a colocarem a sua. Porque se não estivermos a conseguir respirar, não conseguiremos ajudar ninguém e quanto mais acentuada se tornar a dificuldade de respiração, maior será a nossa dificuldade de ação. E no limite, não nos salvamos a nós, nem à criança que dependa da nossa ajuda, por exemplo!
É claro que este é um exemplo extremo e até mesmo, de vida ou morte, mas retrata de forma muito óbvia, a importância de nos colocarmos em 1º lugar.
E é assim na Vida! 😊
Se estivermos prioritariamente dedicados às necessidades de outros e à Vida de outros, a ponto de negligenciarmos as nossas próprias necessidades e a nossa própria Vida, a dada altura, deixaremos de conseguir “respirar”… começará, mais cedo ou mais tarde, a surgir uma sensação de “sufoco”, de sobrecarga e de “peso” por estarmos a obrigar-nos a carregar uma carga, que não é nossa e que começará a ficar insuportável… começaremos a “murchar”, a perder o nosso “brilho natural”, a afastar-nos do nosso Propósito… estaremos cada vez mais distanciados de nós próprios, da nossa própria Vida, da nossa Essência e da nossa Verdade…
… E não adianta sentirmo-nos vítimas e queixarmo-nos de que “os outros não percebem, que nos estamos a anular por eles e a colocar a vida deles à frente da nossa…” (é muito frequente observarmos esta vitimização), pois a Responsabilidade é nossa, já que somos nós que nos estamos a colocar nessa situação, ou a permitir que nos coloquem (e esta permissão, declarada ou implícita, também é uma Escolha).
E como não existe mais ninguém, que tenha acesso à nossa Essência mais pura e à nossa Verdade original, também não existe mais ninguém que possa cuidar da nossa Vida por nós, nem Vivê-la por nós… se nós não VIVERMOS a nossa Vida, ninguém Viverá… e ficará uma Vida, que não foi Vivida!...
Por isso, importa libertarmo-nos dos “velhos e gastos paradigmas de altruísmo e ajuda ao próximo”, que nos têm sido impostos, como dogmas e criar o Nosso próprio Novo Paradigma, do que Cada Um de Nós considera que deve ser a Sua “ajuda ao próximo”, ou disponibilidade para o outro. E seremos eternamente Responsável por isso (atenção, não estamos a falar de culpa, mas de Responsabilidade!) e pelas consequências que decorrerão dessa Escolha de Cada Um (e isto nem é bom, nem mau. É o que É!). 😊
Até podemos perguntar: Se te esqueceres de Ti, quem lembrará? 😊
Assim, podemos Escolher Priorizar-nos e Descobrir-nos... Redescobrir-nos, celebrar esse reencontro, “matar as saudades de Nós próprios” (que nem sabíamos que sentíamos, nem com que intensidade), redefinir perspetivas, reorganizar, interiorizar e SENTIRMO-NOS!... 😊
… VIVER a Nossa Vida em 1º lugar, como se fossemos a pessoa mais importante da Nossa Própria Vida (porque Somos 😊), darmo-nos primazia e depois sim, teremos toda a capacidade para ajudar, apoiar e inspirar outros! 😉
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