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Porque sentimos Culpa?...

  • Foto do escritor: Patrícia Loução Rita
    Patrícia Loução Rita
  • 20 de jun. de 2018
  • 4 min de leitura

Atualizado: 29 de jan. de 2019


Há quem diga que a Culpa é um conceito judaico-cristão, não dos primórdios desta ideologia, mas fruto das "teorias" posteriores, criadas pelos “senhores das igrejas”, com algum intuito, claro está… Seria interessante pensarmos qual terá sido (e ainda é) o intuito... Mas o que é certo é que sendo, ou não sendo religiosas, a grande maioria das pessoas sente culpa, nesta ou naquela situação, em maior ou menor grau!

Sente culpa porque fez e “não devia” ter feito, sente culpa porque não fez e “devia” ter feito e principalmente sente culpa em relação aos outros, pelas “obrigações” que acredita ter em relação a eles (família, amigos, colegas, etc.) e por isso sente uma enorme culpabilidade quando dá alguma atenção a si própria e dedica um pouco de tempo às suas necessidades e a si mesma… e nos casos mais acentuados, nem chega nunca a fazê-lo, pois não sente que tenha esse direito!... Vive em função dos outros, a vida dos outros, pelas "supostas" necessidades dos outros (aquelas que ela se convenceu que são as necessidades dos outros... e esta crença cumpre uma função qualquer na sua vida, claro está…) e deixa de ter vida própria, desejos próprios, vontades e sonhos próprios… vive pelos outros e anulou-se a si própria… esqueceu-se de quem É… e estes são os casos mais acentuados!

Nas situações mais moderadas, isto passa-se em relação a muitas situações, como por exemplo em mães (as verdadeiras mães, não me refiro a meras progenitoras), quando se permitem colocar-se em primeiro lugar e deixar por fazer algo em relação aos filhos, casa, etc… As mulheres foram educadas com crenças muito limitadoras (não só pelas famílias, mas pela sociedade em geral) que as fazem sentir-se com inúmeras “obrigações”, em relação às quais, “não têm” o direito de escolha!

Importa referir, mais uma vez, que também aqui é uma questão de escolha – deixar-se limitar e acreditar nestas ideias que lhes ensinaram, sobretudo de forma tácita (o que é ainda mais perigoso, pois deixa menos margem para discordar de algo que nem é dito, nem assumido), ou exercer a Liberdade de pensar e decidir pela sua cabeça.

Basta pensar que, numa mesma sociedade e até numa mesma família, existem mulheres (e não apenas mulheres, pessoas em geral) que se submetem mais aos padrões instituídos e outras que escolhem posturas mais autónomas e independentes na vida… assumindo todos os riscos que isto acarreta – lá vem novamente o binómio inseparável – Liberdade/Responsabilidade 😉

Mas para além das situações mais extremadas, pensemos também nas situações mais comuns e simples, do dia-a-dia… aquela culpa que surge nas mais pequenas coisas… porque será que permitimos que esteja tão presente nas nossas vidas?

Que função cumpre esta culpa?

Porque isto é garantido… cumpre, seguramente alguma função!

Caso contrário, não a alimentaríamos, de forma tão ativa…

Então analisemos desta forma: Parece que a pessoa que se sente culpada considera, conscientemente ou não, que deveria ter feito algo que não fez… ou seja, que a sua atuação está em falta e por isso algo não aconteceu, por sua causa… parece então sentir que sem ela, algo falhou… algo não está no lugar que deveria estar…

Então não será isto uma “tentativa inconsciente” de a pessoa se sentir imprescindível? Tão indispensável, que “a vida só acontece com a sua atuação”?!

Nas tais situações mais acentuadas, isto é muito evidente, para quem está de fora – o tal rol de obrigações em relação aos outros, permite-lhe sentir-se absolutamente indispensável, imprescindível e que os outros não sobrevivem sim si!

É claro que, para quem esta questão ainda for inconsciente, a 1ª coisa que vai pensar, ao ler isto, é:

“Nah, nada disso, eu não! Não é nada para me sentir imprescindível!...”

E é muito natural que pense assim… acontece com todos nós, quando se trata de questões inconscientes… pois se é algo inconsciente, não lhe conseguimos aceder… a menos que, a dada altura, por algum desencadeante inesperado, a consigamos tornar consciente e assim “olhar para ela de frente”, sem defesas… e aí sim, conseguiremos ver com mais clareza.

Não é fácil… mas é possível… 😉

E há ainda um 2º grande problema, nas pessoas com grande culpabilidade… ou seja, nas pessoas que carregam, como se fosse inevitável, “o peso das obrigações”… É a sistemática tendência para culpar os outros!

Isto verifica-se, de forma mais marcada, nas tais pessoas que escolhem uma vida repleta de “obrigações”, com um peso enorme da “suposta responsabilidade” de se submeterem às vidas e necessidades dos outros… nas pessoas que têm vidas pesadíssimas, chatíssimas… aquelas vidas, que ninguém quer ter… e precisamente por este “peso insuportável”, mas que elas estoicamente mantém e alimentam, até à exaustão (sim, porque são elas que escolhem manter, por escolherem acreditar que não têm alternativa, alegadamente porque “assim é que está certo”!), sentem uma necessidade e até uma “legitimidade inconsciente” de exigirem aos outros, de forma explícita ou implícita, que vivam da mesma forma e “carreguem o mesmo fardo de obrigações”!

Esquecem-se que se podem libertar…

… Seja isso, mudar de postura e adotar comportamentos diferentes dos que tiveram até aqui, a fim de se sentirem melhor…

… Ou seja isso, manterem a mesma conduta, mas porque lhes apetece, porque é mesmo assim que querem viver (e não pela suposta “obrigação”, que apenas procura a validação e “aplausos” dos outros).

E assim se Libertam do peso da “obrigação”… fica apenas a Liberdade da Escolha 😉 (sendo, ainda assim, perfeitamente possível, ter os outros em consideração, mas sem anular a minha vida, em função da dos outros…)

Felizmente, estes são apenas os casos mais agudos.

A velha teoria de que “assim é que está certo” é tão relativa, como qualquer outra… Viver na dependência de velhos padrões que outros decidiram incutir-nos, é viver preso por crenças limitadas e limitadoras! Quem se culpa, vive prisioneiro destas crenças, que alguém decidiu inventar e precisa de aprisionar também os outros, para se sentir menos “desgraçado”.

A má notícia, para estas pessoas, é que:

A vida pertence a cada um! E a Liberdade de decidir, a forma como a queremos viver, também!


A boa notícia, para estas pessoas, é que:

Existe sempre a possibilidade de mudar… e descobrir que, permitirmo-nos escolher por nós próprios, é darmo-nos o direito de Sentir como é leve a Liberdade! 😊

 
 
 

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© 2018 Psicologia e Evolução por Patrícia Loução Rita

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