“Não me apetecia nada, mas tenho que…”
- Patrícia Loução Rita
- 18 de abr. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 27 de jan. de 2019

Quantas vezes não ouvimos já esta frase?
E quantas vezes não a dissemos, nós próprios, em diversas situações?
“Não me apetecia ir trabalhar hoje, mas tenho que ir… Não me apetecia ir à escola, mas tem de ser… Não me apetecia ir a casa de A ou B, mas fica mal… Não me apetecia atender/fazer esta chamada, mas não posso não atender/fazer…”
Todos nós já usámos este argumento, em algumas ocasiões.
Mas a questão que se coloca é: o que significa, de facto, o “tenho que”? Significa que é absolutamente impossível não o fazer… que alguém nos está a obrigar/coagir a fazê-lo… que não é uma escolha minha fazê-lo, ou não fazer?
Ou será que significa que, perante as circunstâncias e tendo em conta as possíveis consequências, eu ESCOLHO fazer algo?
Apesar de não me apetecer ir trabalhar hoje, também não me apetece, arcar com as consequências: poder ser despedido e/ou não me pagarem o dia, etc… apesar de não me apetecer ir à escola, também não me apetece levar falta, perder matéria para o teste, apanhar castigo dos meus pais, etc… apesar de não me apetecer ir a casa de A ou B, também não me apetece que fiquem zangados comigo, que falem mal de mim, que achem que eu sou isto ou aquilo, etc. E portanto posso escolher qual dos “pacotes” prefiro: o de fazer algo que não me apetece, mas não ter as consequências negativas, ou respeitar a minha vontade, tendo as consequências respetivas.
Nenhuma destas hipóteses (ou qualquer outra) está certa, nem errada, trata-se apenas, como em tudo na nossa vida, de tomar consciência do “binómio inseparável” - Liberdade/Responsabilidade! Uma não existe sem a outra!
O problema é que, na maior parte das vezes, este argumento é usado e sentido com o peso da obrigação… como se a pessoa não fosse livre de escolher (desde que se responsabilize pelas consequências – uma coisa sem a outra é que não dá!)… como se não fosse possível fazer algo que não é esperado…
E porque é que isto é um problema?
Porque a pessoa não está a vivenciar a sua liberdade plena, não percebeu que está a fazer uma escolha e por não perceber, não está verdadeiramente a ser LIVRE, porque não se SENTE como tal!
Mas se a pessoa escolhe… mesmo que escolha pela obrigação do que é suposto, então está a exercer a sua liberdade de escolha, não?!
Sim e Não. Sim, porque foi realmente ela quem escolheu. Não, porque não SENTE que seja uma escolha livre. Sente que é uma obrigação, sente que escolheu porque “tem que ser” e não porque “não lhe apetece ser despedida, ou levar um raspanete do chefe…ou um castigo dos pais… ou o desagrado dos familiares/amigos…” Sente que é obrigada, logo não se sente livre – e o que nós sentimos, torna-se no que nós vivemos!
Assim, com tudo isto, o que muda é a realidade?
O que muda é a minha tomada de consciência em relação à minha Liberdade/Responsabilidade e portanto, o meu olhar sobre a realidade. E quando muda o meu olhar sobre a realidade, muda aquilo que eu SINTO… e se o que eu sinto, se torna no que eu vivo, então muda a minha realidade!😉
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