top of page

“Faz de conta que não me interessa…”

  • Foto do escritor: Patrícia Loução Rita
    Patrícia Loução Rita
  • 3 de dez. de 2018
  • 4 min de leitura

Atualizado: 1 de jan. de 2019


Não é nada difícil, nem é raro, depararmo-nos com reações destas…


Existem muitas pessoas que, mesmo sem se aperceberem, sem se darem conta, recorrem a esta “estratégia”, como forma de reagir a algo, que não corre como esperavam…


Perante o desconhecido, o incerto, que gera insegurança e receio de que possa correr mal, ou possa ser difícil, ou trazer deceção, ou magoar… há quem use esta “estratégia” como defesa e se convença a si próprio/a de que, afinal “isto não me afeta nada… nem é bem isto que eu quero… nem é bem disto que eu gosto… no fundo, isto nem me interessava muito…”


E sendo esta defesa inconsciente, as pessoas convencem-se tão profundamente e acreditam, de forma tão convicta, neste argumento, que passam a viver como sendo esta a sua realidade… como sendo esta a sua Verdade… (isto acontece muito frequentemente nos relacionamentos… e não só 😉 )


E nem se permitem tentar perceber, tentar descobrir, o que afinal está por trás deste “aparente desinteresse…”


A Raposa desta história, também usava esta “estratégia” 😊 também usou para si própria (e para os outros) a “desculpa” de que, afinal deixou de querer, deixou de se interessar, deixou de desejar aquilo com que sonhava e que tentou alcançar…


A História da Raposa e das Maçãs


Era uma vez uma Raposa, que vivia alegre e descontraída, sem se questionar muito, sobre o que quer que fosse…

Um belo dia, ia a passear pelos campos e passou por um pomar, onde estavam umas grandes e frondosas macieiras, carregadas de belas e apetitosas maçãs.

A Raposa, ao ver aquelas lindas maçãs, maduras e com um aspeto doce e sumarento, ficou cheia de vontade de as provar… e começou a tentar apanhar uma, esticando-se, saltando e esticando-se novamente… as maçãs estavam altas e não estava a ser fácil alcançá-las, mas queria apanhar, nem que fosse só uma, para se poder deliciar… e continuava a esforçar-se, cada vez com mais vontade de as comer… e saltava e esticava-se…


Outros animais que passavam por ali, começaram a reparar naquele esforço intenso e iam parando para observá-la… e a Raposa continuava a esticar-se… arrastou pedras para se poder elevar mais, colocou-se em cima delas e saltou, e saltou, mas nada…

Apercebendo-se de que já tinha vários espectadores e que não estava mesmo a conseguir apanhar as maçãs, que tanto desejava… parou de saltar e de se esticar, virou-se para trás e com um ar de desdém e pouco interesse, disse:

-“Ah, estão verdes!”

E foi-se embora.

(FIM)


E assim, a nossa Raposa, lá foi embora sem as maçãs, que tanto queria… e que, perante as dificuldades iniciais, as circunstâncias desconhecidas e que não podia controlar na totalidade, pareciam difíceis de alcançar e não tinha nenhuma garantia de que seria bem sucedida… pairando, por isso, a “nuvem” da possível frustração, sofrimento, deceção…


E é assim na Vida… 😊

Nada nos é garantido à partida, aquilo que desejamos e com que sonhamos, não é imediato, nem isento de risco, nem absolutamente controlável…


Mas se, às primeiras dificuldades, incertezas, ou possibilidades de deceção (que estão lá sempre… inevitavelmente) desistirmos, não reconhecermos as nossas fragilidades e medos, nem pedirmos ajuda para os superar e ainda por cima, nos “convencermos” de que “não somos nós que temos medo… que estamos inseguros… que não queremos correr o risco de nos magoar…”, “as maçãs é que afinal estão verdes!” (quando, instantes antes, estavam maduras e apetitosas 😊) não Vivemos… e não vamos experienciando as “maçãs da Vida”…


Também não nos magoamos, é certo! “Não caímos no chão ao saltar das pedras… não esfolamos os joelhos, ou partimos uma perna… não fazemos nenhum arranhão”… pois não…

Mas também não Vivemos… ficamos ali “protegidos” (ilusoriamente protegidos) numa bolha, numa redoma… não sofremos, não nos magoamos, não dói… não NADA!...


Não “NADA”, porque nada acontece… nem de bom, nem de mau!… porque não SENTIMOS, não EXPERIENCIAMOS, não VIVEMOS…


E uma Vida vazia de experiências, não tem qualquer significado, não tem qualquer sentido!…


Pensemos assim: Ok, quando arriscamos e assumimos Viver aquilo que desejamos… mesmo sem saber se vai correr bem, podemo-nos magoar… sim, podemos… podemos até magoar-nos bastante… pois podemos… mas e depois?! Isso é apenas o que de pior pode acontecer, não é?!


Então, SE acontecer, “levantamo-nos, sacudimos a poeira, lavamos as feridas, desinfetamos, aceitamos que doa… até que passe… e pronto”… mais uma etapa, mais uma história, mais uma Vivência…


Até porque, se nos defendemos tanto deste “risco”, é porque já o conhecemos, já o vivenciámos, já o sentimos… logo, já não seria a 1ª vez… logo já sabemos como lidar... já sabemos que das outras vezes "não morremos", pois não? Por isso, desta vez se for necessário, também saberemos “sobreviver”…


E há ainda a outra possibilidade… a de que pode correr bem… pode dar bom resultado… podemos ser bem sucedidos… podemos alcançar os nossos objetivos… e esta possibilidade, também existe e é igualmente provável… mas só se assumirmos este “risco”! 😉


Então, que tal experimentar… experimentar parar de “mentir” a si próprio/a, fingindo que “não quer nada as maçãs, porque estão verdes…” 😉 então e que tal arriscar “saltar”, mesmo sem saber qual vai ser o resultado desse “salto”… (ou até mesmo pedir ajuda, se for o caso) mas assumir o que quer e seguir na sua direção?!


Claro que esta é mais uma metáfora (adoro metáforas 😊 ) e quem quer realmente perceber, consegue adaptar isto, a qualquer situação da Sua Vida, em que esteja com medo de “saltar” 😉 espero que esta história sirva de “pedra de apoio” para impulsionar esse “salto”! 😉


“Saltem” com o Coração cheio de Amor, com Entrega … com Confiança de que é uma Escolha Vossa, por aquilo que São e por aquilo que Sentem… e seja qual for o resultado, será repleto de significado! 😊

Só quando decidimos "saltar", é que a Vida nos mostra, qual o seu sentido 😊

 
 
 

Comments


© 2018 Psicologia e Evolução por Patrícia Loução Rita

bottom of page