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E quando a dor está “presa no peito”?

  • Foto do escritor: Patrícia Loução Rita
    Patrícia Loução Rita
  • 17 de dez. de 2018
  • 3 min de leitura

Atualizado: 1 de jan. de 2019


Na sociedade em que vivemos atualmente, está muito enraizada a ideia de que “devemos ser fortes, não devemos estar sensíveis ao que nos magoa, nem demonstrar fraqueza", querendo isto dizer que, perante situações difíceis e que nos possam provocar dor e sofrimento, não devemos chorar, nem ficarmos frágeis.


E este é um dos grandes problemas do Ser Humano e tem fortes probabilidades de trazer consequências negativas, a curto, médio e longo prazo!


Peguemos num dos exemplos, que habitualmente mais preocupa as pessoas em geral e as famílias em particular.


Está cada vez mais difundida a expressão “alterações de comportamento” que, particularmente na infância e adolescência (mas também em adultos) se manifesta frequentemente com comportamentos agressivos e dos chamados “ataques de fúria”.


As pessoas em geral têm dificuldade em lidar com estas situações, não entendem os motivos e por vezes torna-se desesperante para pais e outros familiares, educadores e professores, ou qualquer outra pessoa, que se depare com reações destas.


Importa por isso entender que, grande parte destes comportamentos agressivos, revoltados, zangados, irritados, e com raiva, pode ter origem naquilo que se chama a “dissociação” da dor. Ou seja, perante determinada situação difícil, que provoque dor e sofrimento, a criança, adolescente, ou adulto defende-se, não chora, não se permite SENTIR, não se permite relacionar-se com aquela dor, bloqueia essa emoção, fecha-se e… a dada altura “aquilo tem que sair por algum lado”…


E uma das “portas de saída”, um dos “escapes” possíveis, podem ser precisamente esses “ataques de fúria”, e comportamentos de raiva acentuada.


De notar que, este tipo de reações é uma das possíveis, ao facto de não se vivenciar e chorar determinada dor, mas não a única. Mas é bastante frequente e levanta tantas dúvidas e sensação de incapacidade, em lidar com tais reações, que é importante destacá-la.


Assim, existe a necessidade de se poder expressar essa dor, chorar o que houver a chorar e libertar essa emoção “presa no peito”.


Ensinem aos miúdos e aos graúdos também 😉 que não é fraqueza fragilizarmo-nos e sentirmo-nos tristes…


Ensinem aos miúdos e aos graúdos também 😉 que não é vergonha, nem é “dar parte fraca” chorar quando dói…


Ensinem aos miúdos e aos graúdos também 😉 que não faz mal, não nos faz ficar doentes, nem morrer de dor, permitirmo-nos lidar com as nossas emoções mais difíceis…


Pelo contrário!


O que nos faz mal, nos faz ficar doentes e até nos pode “matar por dentro” e fazer-nos deixar de ser quem somos, deixar de viver livres, leves e felizes, é “fechar e prender” a dor, não a vivenciar, não a libertar, não a chorar… “dissociar” a dor, transformando-a em raiva!


Por isso ajudem os miúdos e os graúdos também 😉 a CHORAR!

Sim, leram bem – AJUDAR A CHORAR!


E como é que isso se pode fazer?


Começando por NÃO dizer: “não chores, não foi nada, já passou, não penses mais nisso” e todos os outros chavões habituais nestas situações.


E, por outro lado, mostrar-se (e sentir-se, porque se não sentir, não irá mostrar) disponível para ouvir falar daquele sofrimento… mostrar-se disponível para aguentar/tolerar assistir à manifestação daquela dor… aguentar/tolerar aquele choro (mesmo que não existam palavras)…


E ainda, se necessário, para AJUDAR a pessoa a desbloquear a dor, poder dizer algo empático como: “imagino que deve ter sido muito difícil”… “deve ter doído muito”… “podes chorar se te apetecer”…


E assim “abrir um espaço” DENTRO da pessoa (e ENTRE vós) para esse choro e essa manifestação de sofrimento.


E aqui, a expressão popular “chorar lava a Alma” ganha pleno significado. 😊


Porque chorar liberta a dor, “lava” e leva as emoções bloqueadas e torna o peito mais leve 😊 e por isso dá SAÚDE biopsicossocial! 😉

 
 
 

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© 2018 Psicologia e Evolução por Patrícia Loução Rita

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