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Dar Limites é ajudar a Ser, em equilíbrio!

  • Foto do escritor: Patrícia Loução Rita
    Patrícia Loução Rita
  • 3 de mar. de 2019
  • 4 min de leitura


Uma das questões, que sempre notei que traz mais dificuldades aos pais em particular e cuidadores em geral, ao lidar com os miúdos (crianças e adolescentes) é a questão dos, atualmente tão falados, “LIMITES”.


É como se não conseguissem perceber, a importância de existirem limites muito claros e firmes, independentemente da reação dos miúdos (e naturalmente que as primeiras reações, não costumam ser de agrado 😉)… é aliás este tipo de argumentos, que costumam usar – “ah, eles depois ficam tristes… talvez não seja assim tão necessário contrariar… algumas vezes podemos deixar passar (quando este “algumas vezes” tende, nestes casos, a ser muito mais a regra, do que a exceção)…”, etc.


Mas esta dificuldade não é tanto uma questão de “não conseguir perceber”… não se trata de uma dificuldade cognitiva (na esmagadora maioria dos casos), pois está muito mais relacionada, com medos de rejeição, desses adultos, do que com qualquer “alegada dúvida” sobre se são adequados esses limites, ou do que com qualquer “alegado afeto e cuidado” que possam querer fazer parecer, estar na base, de não gostarem de contrariar determinada pessoa (miúdo ou graúdo).


Confundir limites, contrariar e frustrar o outro, com desamor ou maldade, é, no fundo, uma defesa… inconscientemente, quem se tenta convencer de que está apenas a ser afetuoso e a não querer deixar o outro triste, está apenas a defender-se… não tem consciência disto, mas no fundo, está apenas a tentar evitar que essa criança ou adolescente (e também em qualquer outro caso), fique triste com ela/e, fique chateada/o, zangada/o e/ou possa gostar menos dessa pessoa, que a/o está a contrariar… no fundo e ainda que inconscientemente, o foco da pessoa é este – manter o afeto, admiração e agrado, que aquele miúdo (ou graúdo) tem por si, independentemente dos resultados futuros. O foco aqui, não está a ser o bem-estar, a médio e longo prazo, daquele menor, o seu saudável e equilibrado desenvolvimento, mas sim “o que ela/e vai ficar a achar de mim, vai sentir em relação a mim… (isto também se aplica, mesmo que quem se deva contrariar e dar limites, seja um adulto).


E assim, fica “tudo do avesso”!...


Porque os miúdos (e as pessoas em geral) que têm limites, queixam-se, refilam, reclamam, mas no fundo sentem-se cuidados, protegidos e alvo de atenção…


Os miúdos que não têm limites, gabam-se, mostram-se agradados com tanta “liberdade/permissividade”, até dizem aos amigos e colegas: “eu não cumpro regras, se não me apetecer, não estudo… só tomo banho, quando quiser, etc.”, mas no fundo, sentem-se abandonados…


… pois Amar é cuidar e ajudar a crescer em equilíbrio. É dar todos os limites necessários, no momento adequado, tal como se faz com as estacas, que se colocam nas pequenas árvores em crescimento – apoiam e suportam, quando os ventos as colocam em risco de caírem, ou partirem e também limitam e balizam a direção em que podem crescer e em que se podem ir desenvolvendo e formando os seus ramos…


Amar é cuidar e ajudar a crescer em equilíbrio e mesmo que aquela “pequena árvore” fique muito zangada comigo, por não a deixar “esticar os seus ramos”, para onde quiser, eu mantenho a plena convicção, serena e tranquila, ainda assim convicta, de que aquela “estaca” é o melhor que lhe posso dar, naquele momento…


Amar é cuidar e ajudar a crescer em equilíbrio e mesmo que aquela “pequena árvore” fique muito zangada comigo, quando a contrario e me diga “Já não gosto de ti”, eu posso responder serena, tranquilamente e com um sorriso de dever cumprido:

- “Gosto eu de ti!”

😊


Dar limites é estar lá para eles…


… só dá limites quem cuida e quem suporta, apoia e orienta…

…só dá limites quem coloca a prioridade, consciente e intencionalmente, no desenvolvimento saudável e equilibrado daquela pessoa, independentemente de, no momento, poder reagir contra mim e me fazer sentir rejeitada/o…

…só dá limites quem tem o foco no pleno desenvolvimento do outro e não nos seus próprios medos e inseguranças, evitando a qualquer custo sentir-se “ameaçada/o no seu suposto lugar garantido e admirado, de boazinha/o e generosa/o”…

… só dá limites quem tem confiança suficiente, para ajudar o outro a crescer e desenvolver-se como Ser Humano, autónomo e independente, com capacidade para “voar” sozinho, desenvolver-se e realizar-se livremente, sem depender “eternamente” de mim, sendo apenas uma extensão e apêndice, dos meus sonhos, desejos, necessidades e uma garantia que me afaste dos meus medos e inseguranças e me dê a ilusória sensação de que eu vou ser sempre imprescindível e indispensável…

… só dá limites quem não “depende da dependência do outro”, quem não se “alimenta e alicerça na dependência do outro” e tem a segurança de o ver crescer, soltar-se, libertar-se, individualizar-se e Ser quem É! 😊


Os teus medos de rejeição, de abandono, de solidão e de deixar de ser indispensável e insubstituível, impedem-te de dar os limites, que ajudam o outro a crescer?


E continuas a acreditar que isso é Amar?


E se um dia descobrires que é EXATAMENTE o contrário?!


Talvez aí passes a Sentir que Amar não é alimentar dependências… talvez aí passes a Sentir que Amar é ajudar a crescer, para depois Voar sozinho! 😉

 
 
 

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© 2018 Psicologia e Evolução por Patrícia Loução Rita

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